Minha história

Boa Tarde!

Bom, vou contar pra vocês como eu comecei a entrar nesse mundo,como eu me descobri.
Dizem que numa fase da vida, as gurias se ‘apaixonam’ por alguma professora, eu não acredito nisso, não acho que isso pode ser generalizado, mas, aconteceu comigo. Eu não sabia o que era exatamente, mas sempre achei a professora de estudos sociais muito bonita, até ai tudo bem, que problema há em achar uma mulher bonita. Até o dia em que num passeio escolar ela senta ao meu lado, dividindo 1 banco comigo,não um par de bancos...apenas 1! Me senti toda boba né, não sabia explicar o motivo, mas aquilo fazia eu me sentir bem, ao mesmo tempo com vergonha, não sabia explicar. Nessa época eu estava na sétima série mais ou menos, não sou boa com datas. Foram se passando os meses, e cada vez mais eu passava a observar as mulheres com outros olhos.

Mas ao mesmo tempo que isso acontecia, eu ficava com meninos também, desde aquele menino que desde a creche as mães dizem que faz o par perfeito com você, passando pelo melhor amigo que é apaixonado por você, até aquele que você vê na balada. Mas no fundo eu sabia que algo não estava certo, eu nunca tive realmente vontade de ficar com eles, era mais algo do tipo ‘todas as minhas amigas estão ficando com um menino, se eu não ficar também o que vai acontecer’? Cabeça fraca...inocência, não sei o que era, mas hoje sei exatamente, era a falta de atração.

Quando entrei no ensino médio, mudei de escola, aquela professora já não dava mais aula lá. Eu sabia que seria tudo diferente dali pra frente, eu iria conhecer muita gente, estaria saindo da escola do bairro, com poucas centenas alunos, onde todos se conheciam, e estaria entraria numa escola com pelo menos mais de mil alunos, no centro da cidade. Realmente, me assustei quando mudei, me senti num mundo diferente, me senti sozinha, achei que nunca iria fazer amigos. Mas tive sorte logo no primeiro dia, de umas gurias virem falar comigo, estava formando meu grupo.

Agora eu já me sentia parte daquela escola, comecei a perceber a diversidade de pessoas que ali estavam. Via casais de meninas, de meninos nunca cheguei a ver realmente, via que aquilo era algo normal pra mim, enquanto alguns caçoavam delas, pelas costas, pra mim era algo bom.

Quando eu ia completar 16 anos comecei a trabalhar. Para trabalhar, eu precisava estar fazendo um curso. Foi ai onde tudo começou. Se não me engano cheguei a terminar meu primeiro ano no curso, no segundo conheci uma menina. Eu sabia do que ela gostava, e disse pra ela que eu também era como ela. Foi ai que fiquei com a primeira menina. Ela não sabe que foi a primeira, eu não me sentia bem em falar pra ela que eu nunca tinha ficado com meninas antes. Mas, fiquei umas duas a três vezes com ela só, mas foi ai onde tudo começou.

Eu me esqueci de comentar, conheci meu melhor amigo na minha entrevista de emprego, estávamos em um grande grupo, preenchendo umas questões, e corrigi ele numa palavra que ele havia escrito errado. Enfim, descobri que ele estudava na mesma escola que eu, e que iríamos fazer curso juntos, ou seja, ficaria com ele o dia todo. Mas, com o passar do tempo ele disse que gostava de mim, eu falei pra ele, que eu não poderia dar o que ele queria. Até que resolvi arriscar, eu pensei: “Ele é meu melhor amigo, eu confio nele, se não der certo com ele, não vai dar certo com mais nenhum outro homem”, então resolvi dar uma chance pra ele.

Foi ai que tive certeza que não gostava de homens, até hoje muitas pessoas me dizem que não ‘peguei o cara certo pra coisa’. O meu objetivo não era pegar o cara certo, não existe um cara certo pra mim, eu só queria ter certeza da minha opção, mas é difícil colocar isso na cabeça das pessoas.

Ah claro, eu já havia tido experiência com uma mulher, e ao contrario do que foi com ele, foi algo inexplicável.

Até ai tudo bem, eu me descobri lésbica, parei de ficar com meninos, até porque não havia motivos. Mas ai entra em questão, e agora, conto para os meus pais ou não?

Nunca fui de chegar pra eles e conversar abertamente, sempre fui mais na minha. Conheci uma mulher mais velha que eu, e resolvi falar pra minha mãe que estava ficando com ela. Pra que!! Eu achei que ela iria me entender, mas o que ela disse foi:
“Eu não criei filha minha pra ficar com mulher, presta bem atenção no que tais fazendo, depois tu vai se arrepender, eu vou contar pro teu pai e ele vai te expulsar de casa e eu não vou fazer nada pra impedir. Ela te deu algum tipo de droga pra ti fazer isso?? Já que tu quer ser assim, a partir de hoje eu não lavo mais tuas roupas e bla bla bla”. Isso foi o fim do mundo pra mim, fiquei com muita raiva dela, ódio, não olhava mais na cara dela. Não queria mais comer em casa, como fazia a maioria das refeições fora de casa, comprava uns pacotes de bolacha pra comer se eu tivesse fome. Isso não durou muito tempo, tive que parar de ficar com aquela mulher, senão as coisas iam piorar.

Daí ela quis arrumar namorado pra mim, falava pra mim ficar com meu melhor amigo, falava pra mim ficar com o filho da amiga dela, aff...só de pensar nisso já me sinto mal. Ela não entendeu que eu sou assim, pra ela, fui influenciada a ficar com uma mulher. Até hoje ela pensa assim.

A conseqüência disso tudo, vivo a base de mentiras. Nunca fui de trazer amigas pra casa, tenho que sempre arrumar uma ‘amiga’ pra visitar, um ‘trabalho’ pra fazer. Já tentei namorar com muitas meninas, mas nunca tive nada sério, somente esse ano, após uma grande decepção é que encontrei a guria que é perfeita pra mim. Mas como nessa história nada tende a dar certo, ela mora em outra cidade, a duas horas daqui. E pra ver ela?? Nossa, é difícil, no começo até via mais ela, hoje estamos a muitos dias sem nos ver, to morrendo de saudades. Eu penso em chegar pra minha mãe e contar tudo, até vou no psicólogo pra tentar colocar minha cabeça em ordem, ele sugere que eu conte logo, mas tenho medo. Não sei se ela desconfia que tenho uma namorada, se ela esta se conformando que parou de me empurrar homens, cada dia tenho uma impressão diferente da minha situação.

E hoje to aqui, escrevendo nesse blog que fiz pra trocar idéias com mulheres, que como eu vivem mentindo, que já superaram essa fase, ou que estão confusas.

Converso muito com meus amigos, cada um me da uma dica de como lidar com a situação, mas eles não sabem como me sinto realmente, quero pessoas que assim como eu já tenham tido essa experiência, que possam me relatar as conseqüências de tudo, enfim, acho que vocês entenderam minha idéia né??

Amanhã vejo se posto mais alguma coisa, curiosidades, não sei...estou aberta a sugestões, obrigada meninas, beijos.

Depoimentos

Criei esse blog para reunir depoimentos de todas as mulheres que se consideram lésbicas.
Eu sou lésbica, sou jovem, eu namoro uma mulher, porém sofro com a questão "ser aceita" em minha casa. Acredito que a maioria das mulheres que irão participar desse blog em algum momento já tiveram esse problema, se bem sucedidas ou não, é isso que quero que seja compartilhado aqui, experiências boas, ruins...leio muito sobre essa questão na internet, tento achar um meio menos 'doloroso' de contar isso para os meus pais, mas a cada dia que passa, isso vem se tornando mais difícil. Minto para eles, minto muito para poder ver minha namorada, tenho muito receio da reação deles ao saberem minha opção, quero que vocês me digam como foi essa descoberta, como foi ou como vocês pretendem mostrar isso ao mundo, enfim...me mostrem o que acontece no mundo de vocês, provem que somos como todas as pessoas, apenas com uma opção diferente.

Obrigada, conto com todas vocês!!